'Não adianta instalar sirenes, se a gente não souber o que fazer quando elas dispararem', diz especialista do Greenpeace | Acervo (2024)

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07 de Mai de 2024

'Não adianta instalar sirenes, se a gente não souber o que fazer quando elas dispararem', diz especialista do Greenpeace
Para Igor Travassos, situação no RS mostra que estamos vivendo o "novo normal" e é preciso uma agenda de adaptação e protocolos para que a população saiba agir nas crises

Luciana Casemiro

07/05/2024

Eventos climáticos extremos como o do Rio Grande do Sul devem ser cada vez mais intensos e mais frequentes devido ao processo de intensificação das mudanças climáticas que está diretamente ligado ao aumento da emissão de gases de efeito estufa na atmosfera, diz Igor Travassos, coordenador da frente de Justiça Climática do Greenpeace Brasil. Entendendo que esse é o novo normal, Travassos reforça a necessidade de uma agenda de adaptação às mudanças climáticas, que estados e municípios façam investimento em prevenção, adaptação e resposta.

- Quando a gente fala de adaptação, fala em adaptar as estruturas das cidades, discutir sobre habitação e moradia, macro e micro drenagem, mobilidade urbana, saúde. São vários setores econômicos e sociais que precisam se adaptar a esta realidade, a eventos climáticos extremos. Um exemplo que eu tenho dado muito é que não adianta a gente instalar sirenes se a gente não souber o que quando elas dispararem. Comparando, quando passa uma ambulância com a sirene ligada os condutores de veículos sabem o que fazer: precisam abrir passagem para essa ambulância chegar mais rápido ao destino e sabem que não pode furar, ir atrás do veículo. Existe um procedimento previsto no Código de Trânsito. Então, as pessoas aprendem sobre o que fazer e o que não fazer diante dessa sirene. Quando se fala nesse cenário de prevenção e adaptação a gente precisa justamente estimular essa cultura de prevenção. Precisa que o governo seja federal, estadual ou municipal preparem as estruturas e a população para lidar com isso. Não adianta só mapear risco, é preciso ter protocolos, é preciso começar a falar sobre isso.

Chuvas no Rio Grande do Sul: governo declara estado de calamidade pública

Travassos destaca que a tragédia do Sul não é uma novidade para o Brasil, muito menos podem ser considerada surpreendente:

- Só no Rio Grande do Sul a gente vivenciou no ano passado outros três episódios, não com essa proporção, mas semelhantes do ponto de vista da necessidade de intervenção e da mudança da rotina no cotidiano, da questão das perdas humanas e materiais. E não só isso, no ano passado houve outros episódios. A gente teve em Recife, em 2022, com 133 mortos e mais 130 mil pessoas desabrigadas. Teve ocorrências em Petrópolis algumas vezes este ano e também em 2020, 2011. No ano passado, secas extremas no Norte do país. Há um histórico de seca na região Nordeste. Então são eventos climáticos extremos de diversos tipos que a gente precisa se adaptar. Todos esses lugares que eu citei, são lugares em que já existe um histórico dessas tragédias. Não se pode usar mais essa desculpa de que a gente desconhece, de que foi pego de surpresa. Todos os anos as chuvas caem, todos os anos a seca chega, onda de calor, de frio e calor, e esse cenário está cada vez mais intenso, mais frequente, repito. Então a gente precisa realmente preparar essas estruturas e garantir o direito à vida das pessoas.

Caio Esteves é arquiteto e urbanista, especialista em planejamento de cidades, que os governos precisam desenvolver uma visão de futura a partir vários cenários possíveis das mudanças climáticas e com isso implementar uma infraestrutura mais adequada para enfrentar esses riscos como planos para enfrentar as crises:

- Não estamos falando de futurologia, é previsão de cenários. Basta olhar para o passado para entender que os eventos estão se repetindo e com maior impacto. As cidades precisam desenvolver uma visão estratégica de futuro, há informações que já permitem esse planejamento, antecipar as crises. A questão é que algumas vezes falta essa visão e também orçamento e os governos se concentram em resolver o problema do hoje, sem perceber que se não olhem para frente, e estamos falando de um, dois anos, ou seja, do hoje, as coisas vão piorar e muito. Um dos caminhos é sair do eixo bairro- centro, quando se descentraliza serviços, isso permite que em situação de crise seja mais fácil o atendimento, por exemplo.

O coordenador da frente de Justiça Climática do Greenpeace Brasil chama atenção para o fato que as mudanças climáticas, no Brasil, estão relacionados particularmente ao desmatamento:

- Esses gases (relacionados as mudanças climáticas), essas emissões estão atrelados à queima de combustíveis fósseis, mas no Brasil tem um cenário particular ligado ao uso da terra, do desmatamento dos biomas, das queimadas. Várias organizações socioambientais têm pautado a necessidade planos de mitigação, que são ações para reverter esse quadro, para diminuir essas emissões.

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